quarta-feira, 5 de junho de 2013

Dia Mundial do Meio Ambiente e a saúde do planeta na UTI

(Ilustração: Pawel Kuczynski)

Artur Pires

Hoje, 5 de junho, comemora-se o Dia Mundial do Meio Ambiente. Mais do que celebrar, a data nos requer reflexão sobre que tipo de relação devemos ter com o ambiente natural que nos cerca. Que tipo de desenvolvimento queremos? Aquele baseado no “progresso” capitalista, que desconsidera as questões ambientais em favor do economicismo? Ou aquele que, sub-repticiamente, se apropria do discurso ambiental, para ser politicamente correto, mas, na prática, age no caminho inverso? Nenhum desses modelos de desenvolvimento serve para a saúde do planeta.

Ao se deparar com os espinhosos desafios impostos diante dos muitos problemas ambientais, é necessário um olhar mais abrangente e holístico sobre suas causas. Trocando em miúdos, o buraco é mais embaixo, uma vez que a raiz dos problemas ambientais está no modo de produção econômico que vivenciamos. O capitalismo, além da exploração da força de trabalho do homem pelo homem, é responsável também pela exploração desenfreada dos recursos naturais, já que o modo de produção baseado no dinheiro se apropria desses recursos para vendê-los como mercadoria, afinal, no capitalismo, tudo está submetido ao deus mercado.

Dessa forma, o ser humano cada vez mais interfere na dinâmica do meio ambiente, modificando seu curso natural e perfeito, ocasionando, em consequência dessa intervenção negativa, a resposta furiosa da natureza: catástrofes ambientais com mais frequência, como tsunamis, invernos rigorosos, inundações, secas severas, furacões, derretimento de geleiras, aquecimento global...

O fato é que a relação do homem com o meio ambiente está completamente equivocada. Se nada for feito para remar contra a corrente exploratória do agronegócio, do lobby ruralista e do “progresso” capitalista, deixaremos como legado às futuras gerações, nossos filhos, netos, bisnetos etc., um mundo artificial de concreto (literalmente!) e flores de plástico. Água potável? Ah, aí será artigo de luxo!

Precisamos compreender que somos parte integrante de um todo. Ao se arvorar dono do mundo, da natureza e interferir no seu equilíbrio harmonioso, o “homo capitalismus” desequilibra essa rede sistêmica em perfeição que é o meio ambiente, do qual todos nós fazemos parte: homens, bichos, plantas, minerais, oceanos, mares, vidas microscópicas etc.

A natureza hoje cobra a dívida de séculos de exploração predatória. E não nos enganemos. Teremos de pagar a conta! Para isso, será preciso uma mudança de mentalidade, de pensamento; é preciso que surja uma “nova narrativa”, como diz Leonardo Boff, e um “novo homem”, como queria Che. Narrativa e homem estes baseados em uma renovada maneira de relacionar-se com a natureza. Uma mentalidade na qual o homem sinta-se, verdadeiramente, parte integrante desse meio natural, e não mais seu proprietário.


Será preciso também abandonar a arrogância que nos faz achar que podemos “domar” a natureza e seus fenômenos. Nesse novo pensamento, será imprescindível entendermos que não somos os únicos habitantes do planeta (pois é, muitas vezes esquecemos desse “detalhe”), mas que há uma infinidade de espécies não humanas que também sentem diretamente os efeitos  das intervenções negativas no meio natural.  Por fim, será fundamental nesse processo de mudanças a adoção de um novo modelo econômico, que respeite e não explore o homem tampouco o meio ambiente; além disso, que estimule e oportunize a relação harmônica entre ser humano, modo de produção e natureza. Pensemos nisso!

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